domingo, 8 de junho de 2008

DIVISÃO DOS GÊNEROS NA ANTIGUIDADE

Épicos - Lexâmetros dactílicos (marcação métrica).
Características: Épicos na Antiguidade (A ILÍADA).
  • inicia-se sempre "in media res" (no meio do caminho), havendo um retorno posterior na história para explicar os acontecimentos anteriores.
  • a história presente em A ILÍADA tem início no X ano de guerra.
  • conceito de Emil Stile: "para quem conta o épico o importante não é chegar ao fim, mas a maneira como a história é contada".
  • na época e que A ILÍADA foi escrita, supostamente por Homero, pois não há provas de quem realmente a escreveu, todos já conheciam seu desfecho, seu fim; isso se dá devido a tradução oral, que corria pela Grécia, através das gerações.
  • denomina-se aedo o contador de histórias nos palácios.
  • característica predominante: grandiloqüência - falar bonito, com exageros, de bom e alto som.
  • a expressão oral é o que dá continuidade à história das tribos. Ex.: cultura africana (oralidade).
  • repetição em A ILÍADA - maneira de guardar na memória (mimemosine). A memória está ligada à história e à oralidade. Memória fica para a eternidade.
  • o narrador não se envolve com os fatos narrados; não há alterabilidade de ânimo frente aos acontecimentos; refere-se ao passado, a história é contada da mesma maneira do início ao fim.
  • mistura o real histórico com o lado mítico. Só mediante estudo é que se consegue obter essa separação.
  • a divisão das cidades-estados os mantém ligados pela religião e pela língua.

MITO

BREVE APRESENTAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA GREGA - Parte 2

O Mito
Os gregos antigos tiveram grande facilidade em inventar histórias fabulosas que, antes do progresso racional e científico, servissem para explicar as origens dos fenômenos naturais e do comportamento humano. A mitologia grega é o conjunto destes mitos ou fábulas.
Mircéa Elíade aponta as seguintes características do mito vivido nas sociedades primitivas:
  1. O MITO é a história fantástica dos atos dos entes sobrenaturais (deuses, semi-deuses, heróis);
  2. Esta história é considerada no momento de sua invenção pelo povo, verdadeira, porque se refere à realidades (criação do mundo, do fogo, etc);
  3. A história mítica se relaciona sempre com uma criação, narrando como algo passou a existir ou como um padrão de comportamento, uma instituição, uma maneira de trabalhar, etc, foram estabelecidos. Essa é a razão pela qual os MITOS constituem os paradigmas de todos os atos humanos significativos;
  4. O conhecimento do MITO proporciona o conhecimento da origem das coisas, chegando-se, consequentemente, a dominá-las e manipulá-las à vontade; com efeito não se trata de um conhecimento exterior, abstrato, mas de um conhecimento que é vivido ritualmente, seja narrando cerimonialmente o MITO, seja efetuando o ritual ao qual ele serve de justificação;
  5. De uma maneira ou de outra, vive-se o MITO, no sentido de que se é impregnado do poder sagrado e exaltante dos eventos rememorados ou ritualizados; a diferença entre "mito" e "lenda" reside, ao nosso ver, no fato de que o primeiro implica a crença, quando esta cessa de existir na alma do povo, o MITO torna-se lenda.

Breve Apresentação da História e Cultura Grega

Quando se estuda os grandes livros da literatura mundial é impossível não citar a Grécia, como o berço da civilização cultural, que inspirou, de certa forma, toda a humanidade:

Para que esse tipo de estudo seja desenvolvido no blog, optei por dividí-lo em temas e em tópicos.

BREVE APRESENTAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA GREGA - Parte 1

Panomara geral

Tópicos:
  1. A Grécia teria sido habitada por povos que não falavam o grego;
  2. Os gregos julgavam-se autóctnes, habitantes primitivos daquela terra, descendentes de Heleno, filho de Deucatião, que escapou de um dilúvio provocado por Zeus, pai de deuses. Daí a Grécia também ser conhecida como Hélade e seus habitantes serem chamados helenos;
  3. O conhecimento dos metais (cobre e o bronze) e o maior uso do mar, em virtude do aspecto geográfico, fazem parte da base da civilização grega;
  4. Os reinos egeus consistiam de inúmeras cidades-estados (polis), governadas por reis e tropas reais. Um forte laço de amizade e parentesco unia o rei e os guerreiros de uma cidade com os de outra na vizinhança, formando por assim dizer, uma grande família.
  5. Civilização Egéia - duas variedades: a primeira e mais antiga pertence ao sul, sendo chamada de cretense; a segunda pertence ao norte e se chama micênica;
  6. Três grupos seriam responsáveis pela formação da língua grega e de seus dialetos: os aqueus, os jônios e os dórios;
  7. O sistema econômico, social e político dessas comunidades gregas é descrito nos poemas homéricos "A Ilíada" e "Odisséia".

quarta-feira, 4 de junho de 2008

O CAÇADOR DE PIPAS



O caçador de pipas, Khaled Hosseini



O Caçador de Pipas é uma obra literária, classificada como romance, por apresentar em seu contexto alguns princípios básicos, tais como:

- a verossimilhança;


- o retrato direto da realidade em seus elementos históricos e sociais;
- a linearidade narrativa;




- a tipificação social (indivíduos que representam classes sociais);




- construção ficcional de um mundo que deve dar a idéia de abrangência e totalidade.




O romance O CAÇADOR DE PIPAS, como fenômeno cultural está presente na lista de mais vendidos por mais de um ano, tem sua evolução delimitada e determinada pela própria transformação da sociedade afegã, retratando a queda da monarquia nos anos 70, a invasão pelos soviéticos, o fim do comunismo e a ascensão do regime Talibã.





O romance tem para nós um valor quase documentário, haja visto que o campo do romance moderno, quando se propõe servir como documentação da vida humana é muito mais amplo. Ele tenta fixar, sobretudo, o aspecto atual do fenômeno que mostra a luta que se trava em quase todos os países entre as massas e a classe dominante. Como estes elementos contam com o poder político organizado, essa luta se apresenta principalmente como política. E o romance tem a função de retratar essa realidade, a luta pelo poder, as transformações reacionárias operadas na própria organização política da sociedade, por meios artificiais, como tentativas violentas e desesperadas de defesa, e ainda o aproveitamento desonesto das forças e idéias das próprias massas, pelos mesmos políticos da classe dominante, visando desviá-las de seus objetivos e impedir a transferência do poder. Torna-se cada vez mais um prolongamento ou uma continuação da vida que uma simples fuga pela imaginação. Por isso, é um romance sobretudo dinâmico, envolvendo ação no duplo sentido - no que nos vem da tradição romanesca e no que se refere à própria vida - afastando-se muito dos quadros estáticos do romance retratista ou paisagista, apesar de objetivo, como "espelho da vida".


A SURPRESA


A imagem que permeia nossa mente quando se fala em Afeganistão nada mais é do que apenas um país árabe conturbado pelo fanatismo religioso e por todas as suas repercussões e consequências. Até a leitura de O CAÇADOR DE PIPAS tantos fatos descritos no romance eram desconhecidos por falta de necessidade e curiosidade mesmo, principalmente por estar tão distante de nossa realidade social, por sermos ocidentais, nascidos em outro continente, completamente díspares das estruturas vigentes no mundo islâmico.


A função de um livro é entreter e proporcionar momentos agradáveis ao leitor através de narrativas ficcionais / verossímeis. Entretanto, o livro tem uma função social, crítica e reflexiva, quando estimula o leitor à pesquisa sobre os fatos descritos na diegese. É complicado para nós entendermos as diferenças entres Sunitas e Xiitas, a posição da mulher no contexto árabe, o fervor religioso que mobiliza o surgimento de homens-bomba, as rixas e diferenças entre Israel e os países que professam sua fé em Mesquitas ou mesmo o cotidiano e suas diferentes cores, roupas, alimentos, cheiros, entre outros.


O CAÇADOR DE PIPAS me instigou a ponto de me interessar pela história do Afeganistão e acredito que tenha causado essa mesma impressão nos milhares de leitores dispersos pelo mundo. Por se tratar de um romance, ganha ainda mais peso e repercussão, nos colocando próximos não apenas com a imagem e a realidade de um país que desconhecemos, mas abrindo as cortinas e nos permitindo ver aquilo que está presente na cabeça e até mesmo no coração daquele povo através de suas personagens.


A princípio a história se apresenta sem grandes novidades. No entanto, ganha expressões sentimentais tão intensas, nos aproximando das personagens, justamente por representar as mesmas angústias e sentimentos humanos, cabíveis a qualquer ser humano, susceptível a erros e acertos ao longo da existência humana. O romance tem esse poder de universalizar e explorar justamente as características que nos tornam mais próximos enquanto seres humanos.

MARLEY E EU



MARLEY & EU, John Grogan


Livro aclamado pela crítica e presente em todas as listas dos mais vendidos, MARLEY & EU realmente apresenta uma leitura surpreendente.


A princípio a narrativa é monótona, mas a medida em que o narrador em primeiro pessoa, John Grogan, vai nos revelando as travessuras do seu labrador e todo o sentimento que o cão desperta nele e em sua família, torna-se prazeroso.


John e Jenny estão felizes e recém casados. Para completar a família, resolvem adquirir um cão. Sem experiência, trazem para casa um lindo filhote de labrador. O nome lhe foi dado em homenagem ao cantor Bob Marley, cuja trilha sonora fazia parte da vida do casal. Mas Marley não era um cachorro comum. Sofria de uma euforia anormal e incontrolável.


Marley filhote era elétrico. Cresceu rapidamente e seu tamanho não condizia com as travessuras de filhote.


John tentou adestrá-lo, porém não obteve sucesso, porque a adestradora o expulsou das aulas.

Marley tinha pavor a raios e trovões, e toda vez que era anunciado tempestade, ele entrava em pânico, em por diversas vezes destruiu utensílios e eletrodomésticos. Até mesmo mobílias não escapavam às investidas do cão.


Mas Marley era muito amoroso, e o que chama a atenção no livro são algumas situações vivenciadas pelo casal, como por exemplo quando Jenny engravidou e não conseguindo guardar segredo, espalhou a noticia para a família e amigos. No entanto, ela sofreu um aborto espontâneo.

Seu sofrimento foi compartilhado carinhosamente com Marley, que parecendo pressentir o que sua dona sentia, manteve-se quieto, deitado a seu lado, acreditando que sua presença poderia consolar sua dor.


Assim como quando enfim Jenny e John tiveram seu primeiro filho Patrick, que mereceu toda a atenção de Marley, bem como suas fraldas... Depois veio Conor, fruto de uma gravidez de alto risco, que deixou Jenny de repouso absoluto por várias semanas e, tendo alta médica, acreditando que poderia retornar às suas atividades cotidianas, foi surpreendida por um parto prematuro.


Durante todo o processo, Marley pareceu compreender perfeitamente o sentimento dos seus donos e por vezes, foi solidário. Por último o casal foi saudado com o nascimento de Colleen, a caçulinha dos Grogan.


Situação muito engraçada é quando Marley é convidado para participar das filmagens do um longa metragem A Última Jogada. John se apropriou do estrelado de seu cão e quase se sentiu um ator coadjuvante. Pena que duas tentativas foram suficientes para revelar o quão impulsivo era o comportamento de Marley, que teve sua carreira encerrada antes mesmo de ter início. Um capítulo em especial me chamou a atenção: quando John revela que a mudança da sua rotina em função primeiro do convívio turbulento com Marley, depois o nascimento dos filhos, não diminuiu em nada sua felicidade.


Em momento nenhum eles lamentam a falta de privacidade ou a ausência de vida noturna, de convivência com outros casais em sociedade. Trocaram as festas e o agito social por piqueniques, viagens a Disney, acampamentos, entre outros programas familiares.


O fim do livro é o auge desta obra não-ficcional, haja visto ser baseada em fatos reais. Após treze anos Marley cede à pressão do envelhecimento e se despede do mundo, da sua família. John sofre muito com a perda do seu cão de coração puro, cujo amor e lealdade eram ilimitados. E fica em sua memória eterna a saudade e todos os sentimentos que seu amigo Marley despertou em todos. Vale a pena dedicar algumas horas para apreciar MARLEY & EU.

Bjs Andréa.

BUDAPESTE



BUDAPESTE, Chico Buarque



Livro que recomendo: BUDAPESTE, Chico Buarque.


Li "Budapeste" em menos de 24 horas. Leitura fascinante, cativante, não consegui interrompê-la, dispondo de cada minuto disponível do meu dia atribulado para dedicar a narrativa.
ANÁLISE

Como literatura contemporânea, "Budapeste" apresenta um narrador em primeira pessoa, que põe o leitor muito próximo dos seus sentimentos conturbados. Entretanto, esse narrador não é onisciente intruso, porque ele não consegue nos transmitir o que se passa no pensamento das demais persoangens. Ele narra de um ponto de vista fixo na sua prórpia interpretação. Poderíamos então chamá-lo de um narrador protagonista, uma vez que toda a trama do romance se baseia na personagem.


Há em "Budapeste" a presença da cena e do sumário, Um fato relevante chama a atenção: a desconstrução dos diálogos, que não são marcados com travessão e parágrafos entre uma fala e outra. Tal registro sintático remete ao gênero literário de José Saramago. Não ouso afirmar, mas provavelmente tal estilo tenha influenciado o autor.


Há a presença da Câmera, que descreve ao leitor o cenário, o aspecto dos lugares e das personagens.


A abordagem sobre a língua é inteligente e intrigante.Realmente para nós, brasileiros, é uma língua toda desconhecida. Não só a língua, mas pouco sabemos da cultura húngura, porque até então não havia sido despertado curiosidade suficiente para pesquisa.


A narrativa é esquizofrênica, com a fragmentação do eu, que se multiplica e se transfigura nas situações vivenciadas pela personagem. A linearidade da diegese não é definida, mas pela sucessão dos fatos e pela própria descrição da personagem, percebe-se a mudança do tempo, de vários anos. Exemplo claro desse fato é quando José Costa retorna ao Brasil após sua deportação, e reencontra casualmente Joaquinzinho, seu filho, já homem feito, portador de bíceps invejáveis.


Para entender o livro, é preciso atenção, pois a narrativa inicia-se in media res, retornando a vida metódica da personagem na cidade do Rio de Janeiro, depois a transfiguração da personagem e sua experiência ao apreender a língua húngara e a erradicação em um país completamente oposto ao de sua origem.



A HISTÓRIA


É interessante perceber que em vários momentos a ficção assemelha-se a vida cotidiana, indo de encontro a nossa prórpria vida.


Digo isso porque o sentimento que José Costa sente em relação ao fato de escrever brilhantemente para políticos, universitários, advogados, entre outros, anonimamente, são experiências pelas quais já passei ao longo de minha vida profissional. É estranho ver outros assinarem e ganharem o louvor de textos, defesas, argumentos e teses feitas pela gente.


Outro fato, a relação conjugal é impressionante, pois apaixonado pela esposa Vanda, que nada tem em comum com ele, a não ser pelo filho, que também é propriedade feminina, o casamento caminha mal. Há uma convivência que macula a dor. Vanda não compartilha dos sentimentos de José, que também não se interessa pela carreira da esposa. Convivem harmoniosamente como estranhos.


Um fato que muito me impressionou com relação ao casamento de José Costa e Vanda foi o episódio do retorno dele de Budapeste, quando chegando em casa ela já está praticamente em uma nova vida, com nova rotina, morando em São Paulo, trabalhando no jornal noturno, o filho entregue a empregados de confiança, sem um telefonema, sem comunicação entre os dois. Ela o vê depois de meses, e era como se o tivesse visto ontem.


E mais, a despedida, o fim do relacionamento, a mala que cai de cima do guarda-roupa fazendo barulho, interrompendo o sono de Vanda, que vê o marido ir embora para nunca mais voltar, sem sentimento, vazio. Um silêncio pesa no ar, como se as palavras não pudessem ser ditas, ou não ousassem ser pronunciadas, com medo de dilacerarem ainda mais os corações.


O fato é que o autor não põe a culpa no homem ou na mulher. Não é a traição de José Costa ou talvez, quem sabe, o fato de Vanda ter se interessado por alguém que culminou no fim do relacionamento... é o próprio que tem o seu fim decretado, face as mudanças que a personagem protagonista sofre.


Primeiro o escritório cresce assustadoramente. O sócio, Álvaro, ávido por ganhar cada vez mais, descobre que o dom de José não é único, e que muitos jovens, saídos da universidade, tem a mesma facilidade de escrever por terceiros. Assim, enche o lugar de outros escritores anônimos. José cede seu espaço indo parar no quartinho dos fundos. Descobre um novo talento, autor de biografias, ganha fama através de O Ginógrafo, livro de memórias assinado pelo alemão Kaspar Krabbe (em tempo: o "ginógrafo" do título é um homem que tem a tara de escrever no corpo das mulheres).


Entretanto, é o deslumbramento pela língua húngara que leva nosso personagem protagonista a regressar a Budapeste e passar a ter aulas com Kriska. Claro que os dois vivem um caso de amor... que começa aos poucos, ganha espaço no romance. Entre alto e baixos, é Kriska que cativa a personagem, a tal ponto de fazê-lo residir lá, ingressar numa nova carreira no Clube das Belas-Letras, que iniciou como assistente de som e aos poucos, dominando o idioma que o encantou, acabou por se consagrar escritor anônimo novamente dos Tercetos Secretos, a quem concedeu a fama ao escritor Kocsis Ferenc.


O fim do livro é surpreendente, de retorno ao Brasil após anos de ausência, o idioma lhe confunde até mesmo os pensamentos. Álvaro, seu antigo sócio, é assessor de deputado em Brasília, que não atendeu aos seus insistentes telefonemas, talvez receoso de que José ou lhe pediria favores, ou quereria reaver parte de seus lucros no escritório, os quais nunca lhe foram devidamente prestados conta.


Hospedado no Hotel Plaza não tinha sequer como pagar as contas. O livro que anos antes fizeram grande sucesso na imprensa nacional agora era desconhecido nas livrarias. Passou a viver os dias sem perspectivas. Com cem dias de hospedagem, o hotel começou a lhe cobrar as diárias. Os funcionários já não lhe dirigiam sequer olhares, quiça palavras cordiais. Trancafiou-se no quarto, não utilizava o telefone, andava nu, para não sujar roupas, pendurado na maçaneta dia e noite o cartão com do not disturb. Passou a se alimentar das bandejas com restos que os outros hóspedes deixavam pelo corredor.


É surpreendido com o som do telefone que lhe causa, a princípio, estranhamento, depois verdadeiro pavor. Fazendo-se de morto, recusava atender o aparelho que insistentemente tilintava seu eco ensurdecedor pelo quarto. Toma uma atitude, veste seu terno, único e sai. O porteiro noturno não o conhece. Na rua, respira o ar fresco e agradece o fato de àquela hora não haver outras pessoas, com medo da grande violência que assola a cidade. Foi, sem se aperceber, de encontro ao seu antigo endereço. Não revê Vanda, também não sabe se o deseja.
Ao voltar ao hotel, já o dia é claro. O telefone o surpreende, parece que o aparelho tem olhos, tem vida, sente seu cheiro, percebe sua presença, pois ao seu sinal vital, toca, enchendo o ambiente de som. Num ímpeto de coragem, atende o aparelho.


E aí o romance chega ao seu clímax. José Costa é saudado em húngaro pelo cônsul, que em nome da companhia Lantos, Lorant & Budai, solicita o seu regresso imediato a Budapeste, com visto permanente. É autor de um grande sucesso BUDAPESTE, de Zsoze Kósta. Entrentanto, não foi ele quem escreveu o livro, e sim o Sr..., um outro escritor anônimo que o confrontava em todas os escontros de autores anônimos. Sabia só agora que o Sr.... era ex-marido de Kriska, pai de Pisti. Sua vida segue enão um novo rumo. Kriska é mãe de um filho seu. O perdão já faz parte do reencontro e enfim, nosso personagem protagonista, José Costa é agora naturalizado em Budapeste, país que por um acidente de percurso aéreo, entre um vôo com saída de Istambul e destino a Frankfurt, graças a uma estranha língua, transforma definitivamente a vida das personagens desse consagrado romance de Chico Buarque.

CLARO ENIGMA

Claro Enigma, Carlos Drummond de Andrade

Claro Enigma CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE Publicado originalmente em 1951, "Claro enigma" é um marco na poesia de Carlos Drummond de Andrade. O livro faz reflexões sobre os segredos do coração humano e do fazer poético e tem poemas famosos como "Memória" e "Amar".

Em "Claro Enígma" a proposta de Drummond parece ser a de escavar o real, mediante um processo de interrogações e negações, que acaba revelando o vazio à espreita do homem.

O Mundo define-se como "um vácuo atormentado" (existencialismo nihilista )".

A abolição de toda crença e o apagar-se de toda esperança trazem consigo o auto-fechamento do espírito.

Essa negatividade, a abolição de toda a crença, o apagar-se de toda a esperança traduzem-se pela expressão da dor, do vazio, da angústia, da consciência da queda que aprisiona todo ser vivo.É sempre nos meus pulos o limite.

É sempre nos meus lábios a estampilha.É sempre no meu não aquele trauma.Sempre no meu amor à noite rompe. Sempre dentro de mim meu inimigo.É sempre no meu sempre a mesma ausência..(O Enterrado Vivo)Então desanimamos . Adeus , tudoA mala pronta, o corpo desprendido,resta a alegria de estar só e mudo.De que se formam nossos poemas? Onde?Que sonho envenenado lhes responde,se o poeta é um ressentido, e o mais são nuvens?

Literatura...

Literatura
Para os apaixonados por literatura, registrarei neste blog comentários sobre literatura portuguesa, brasileira e africana.
Espero que os escritos aqui sirvam de pesquisa e incentivo para incentivar o gosto pela leitura.
Atenciosamente,
Andrea